Resenha: Here and Now — primeiras impressões

Lucas Mendes Kater
2 min readDec 16, 2018

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Ganhador do Oscar em 2000 pelo roteiro de Beleza Americana e também conhecido como o criador de séries como True Blood e a cultuada Six Feet Under, Alan Ball está de volta ao papel principal atrás das câmeras da nova série da HBO, Here and Now. A história se concentra em uma família que consiste nos também oscarizados Holly Hunter e Tim Robbins no papel dos pais de quatro filhos bem diversos. Três deles são adotados, uma somaliana, um vietnamita e um colombiano, todos já adultos; e a única filha biológica é a caçula, de 17 anos. A história começa no aniversário de 60 anos do pai e vai mostrando em paralelo o dia de cada membro da família culminando na festa à noite.

É uma família bem moderna, e o primeiro episódio, “Eleven Eleven”, faz questão de deixar isso claro. Temas como drogas recreativas e sexualidade são pauta de conversas entre os filhos e os pais com a mesma naturalidade com que o roteiro mostra até mesmo um tema bem mais espinhoso. A mensagem é tão evidente que faz parecer que a introdução da temporada tenta seguir uma cartilha, como se marcasse em uma checklist os temas abordados. Fica a impressão de que talvez pudessem ter guardado munição pra usar nos episódios seguintes, já que os personagens e os diálogos são bons o bastante pra instigar o espectador.

Mas o que instiga mesmo é o gancho pro segundo episódio. Já sabemos desde o começo que vamos acompanhar um drama familiar com um toque sobrenatural (ou não). Esse elemento misterioso é inserido no núcleo de personagens de um modo que beira o sensacionalismo, mas ao mesmo tempo parece coeso e joga uma luz diferente no que poderia parecer uma história comum.

Aquele tema espinhoso certamente vai voltar e deve dar o que falar tanto dentro da história quanto aqui fora. Além disso, podemos esperar discussões interessantes envolvendo o pai, um professor universitário de filosofia que enfrenta uma depressão severa, e um dos filhos, que é o centro do elemento sobrenatural (ou não). Com algumas atuações bem carismáticas, como a de Holly Hunter, a série já começa prometendo polêmica e temas potencialmente profundos. Talvez até esteja prometendo demais, mas faz isso batendo no peito.

Texto publicado originalmente no site Academia do Sofá (atualmente fora do ar).

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Lucas Mendes Kater

Escritor, tradutor e revisor, pós-graduado em Escrita Literária e formado em Letras com habilitação em tradução. Roteirista em formação.